segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Seu Blues é.... Redondo?

Seu Blues é.... Redondo?
 
Este artigo tem como propósito expor superficialmente o que eu acredito ser de total importância para assistirmos a um bom show de blues, ou ouvir um bom álbum de blues gravado ao vivo. Bem, alguns estilos musicais devem ser trabalhados sobre um importante aspecto que é o improviso, entre estes estilos temos o blues e seu primo o jazz. Improvisar não é fazer a coisa de qualquer jeito, como se fosse um “ta ruim, mas ta bom”! Não é isso!!! Para os leigos em música tenho a obrigação de dizer que o ato de improvisar em uma canção requer muito estudo musical, conhecimento aprofundado de harmonias e melodias musicais, e dominar por completo o instrumento que se toca! Por isso quando um artista improvisa ele está mostrando a sua sabedoria no instrumento e o quanto ele domina aquele estilo musical.
Como o blues é pura expressão, a forma como o artista se expressa é extremamente importante, e esta expressão também é demonstrada nos improvisos. Mais uma vez eu digo, o blues é simples, não é fácil!
Então, pelas minhas caminhadas pelos bares onde se toca blues, eu vejo diversos artistas tocando, às vezes músicos fantásticos, mas, horrorosos para tocar blues!!!!
Você deve estar se perguntando, como uma pessoa classifica um músico como fantástico, mas, horroroso para tocar blues? Acalme-se eu explicarei em três itens: banda programada, falta de técnicas de expressão no instrumento e falta de bom senso!
- Banda programada – é simples de se entender, é aquela banda que tem tudo no seu devido lugar! Parece uma banda de heavy melódico! Os solos de guitarras, gaita ou baixo são todos determinados quanto ao tempo e ao que se faz, se alguém arriscar algo diferente, ou se perder, ou até mesmo curtir a música... a banda “vai pro saco”! Os músicos não conseguem manter o serviço. É como aquela banda que você sabe o que vai acontecer. Amigo (a), uma das coisas gostosas no blues é a surpresa! É você ver o músico viajando e te levando a lugares mágicos, e lógico a banda acompanhando!!!
- Falta de técnica no instrumento – Vamos imaginar uma clássica banda de blues com guitarra, baixo, bateria, piano e gaita. A guitarra tem suas técnicas para cada estilo, mas um bend bem realizado, um vibrato no momento certo... é de arrepiar! Que o diga B.B. King! O baixo utilizando o chamado baixo caminhante... é aquela técnica em que o instrumentista passeia pelas notas subindo ou descendo a escala musical do tom... é fantástico, dá um charme único ao que se está tocando! O piano com influências do delta... sabe aquele momento em que o músico toca notas em seqüência bem agudas, onde parece que toda banda pára pra ouvir? Isso é influência do delta do Mississipi! Estes itens são básicos, mas, tem muitos músicos que não conseguem faze-lo, por não o compreender, ou por preguiça mesmo de estudar seu trabalho!
- Falta de bom senso – Caro leitor, “o silêncio é mais importante do que inúmeras notas musicais”! Não se assuste com minhas palavras, mas, já ouvi esta frase incontáveis vezes e ela expõe o que muitos músicos deveriam entender. Calma que eu explico! Eric Clapton ficou invejado por todo o mundo pela sua musicalidade e pelo domínio do silêncio no blues! Tal fato o levou a ficar conhecido como “Mão Lenta”, pois ele sabia fazer improvisos melódicos respeitando o sabor de cada nota e deixando o ouvinte ter essa percepção também. O blues não precisa de exageros de notas jogadas ao ar como se fosse um músico de heavy metal (nada contra o estilo, muito pelo contrário, mas, estamos falando de blues!). Esse é o ponto chave de um bom blues, ter bom senso ao improvisar, lembrar da velha frase: “Menos é mais”!
Bem, esse assunto é longo, complexo, e de difícil exposição, mas, estes são alguns dos critérios que aprendi com grandes apreciadores de blues, e aos poucos tento repassar a vocês, lembrando que gosto musical é individual, e que o blues é como o vinho quanto mais velho (tocado por músicos conhecedores do assunto, portanto experientes), melhor!
Abraços!